Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO CLINICA DE PACIENTES PINEALECTOMIZADOS: IMPACTO DA AUSENCIA DE MELATONINA

Introdução

A melatonina, hormônio produzido pela glândula pineal, desempenha um papel crucial na regulação do ciclo sono-vigília. Assim, o estudo de pacientes pinealectomizados oferece uma oportunidade única para estudar os efeitos da ausência de melatonina circulante no organismo humano, caracterizando o padrão de sono/vigília desses pacientes.

Objetivo

Definir um modelo de avaliação clínica para pacientes pinealectomizados com hipomelatoninemia.

Método

Foram selecionados 18 pacientes, provenientes do Serviço de Neurologia Infantil do HCFMUSP e do GRAACC. Os critérios de inclusão foram: tumor da região da pineal na fase pós-operatória, ou após radioablação, há pelo menos um ano; independente do tipo histológico; e dosagem de 6-sulfatoximelatonina demonstrando sua ausência. A avaliação foi feita por meio de anamnese e exame neurológico. Os seguintes instrumentos foram utilizados para avaliação do padrão de sono: Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI), Escala de Sonolência de Epworth

Resultados

A mediana de idade foi de 16,5 ± 2,82 anos, com 14 pacientes masculinos. Na anamnese, 50% dos pacientes relataram queixas relacionadas ao sono: roncos (n=2), sono agitado (n=2), despertares noturnos (n=2), sonolência diurna (n=4) e sonambulismo (n=1). Todos os pacientes apresentaram hábitos inadequados de higiene do sono. Sintomas diurnos frequentes incluíram desatenção, irritabilidade, ansiedade e fadiga.
Cinco pacientes pontuaram no limite para insônia e um pontuou para insônia moderada. Sonolência excessiva foi reportada em quatro pacientes. Na PSQI, apenas cinco pacientes pontuaram para má qualidade do sono. Nenhum paciente pontuou para distúrbios de sono significativos.
Ao exame neurológico, foram encontradas alterações de campo visual (n-3), estrabismo (n=6), catarata (n=1), deficiência auditiva (n=1) e hemiparesia (n=1).

Conclusão

Pacientes pinealectomizados são um modelo valioso para estudar os efeitos da deficiência de melatonina no sono e em outros processos biológicos. Encontramos uma variedade de queixas e sintomas relacionados ao sono, demonstrando ser esta uma população de risco para distúrbios do sono. Ainda assim, não foram identificadas alterações ou scores para distúrbios graves de sono nas escalas específicas. Este achado pode indicar que outros sincronizadores, independentes da melatonina, possam ser suficientes para a manutenção do ciclo sono-vigília. É importante, portanto, que pacientes pinealectomizados sejam rastreados para distúrbios e queixas relacionadas ao sono.

Referências

Cipolla‐Neto J, Amaral FG, Afeche SC, Tan DX, Reiter RJ. Melatonin, energy metabolism, and obesity: a review. J Pineal Res. 2014 May 5;56(4):371–81.

Fonte de Fomento (se houver)

FAPESP 19/24327-5

Palavras Chave

Melatonina; Sono; Cronobiologia

Área

Transtornos do sono

Autores

RENATA PRADO GOBETTI, CLARISSA BUENO, LETICIA SOSTER, FERNANDA GASPAR AMARAL, ANNA CAROLINA CAMPOS DE BARROS LUVIZOTTO MONAZZI, CAROLINE PEREIRA BORGINHO, BEATRIZ SOARES DE AZEVEDO SARDANO, ILA LINARES, JOSE CIPOLLA NETO